Pâmela Tomé e seu novo desafio na TV, em Gênesis: “Quando recebi a Liba, me senti tocada”

Atriz exalta papel na estreia em tramas bíblicas, fala de sua fé e da busca por autoconhecimento  


28 de janeiro de 2021 00h37

Foto: Joy Chaffin

Por Luciana Marques

* Entrevista completa disponível no vídeo, abaixo.

Assim como tudo na sua vida, desde quando se mudou, aos 13 anos, do Rio Grande do Sul para São Paulo, para iniciar a carreira de modelo, Pâmela Tomé se entrega a cada oportunidade. E mais uma vez, após emendar trabalhos de sucesso desde a estreia como a Alina, de Malhação, em 2015, o que a tornou uma jovem atriz bastante requisitada pelo mercado, ela encara um novo desafio.

Após dois anos longe das novelas – ela fez Orgulho e Paixão, em 2018 -, Pâmela vive a doce e forte Liba, da terceira fase - Torre de Babel -, da superprodução bíblica Gênesis, da Record TV. A personagem tocará o coração do poderoso Ninrodes (Pablo Morais), mas não cederá fácil aos encantos dele. “Quanto eu recebi a Liba, eu me senti tocada desde o primeiro momento”, conta ela, que define a jovem, que entra no ar a partir desta quinta, 28, como um pouco à frente do seu tempo.

No bate-papo, ela também fala de sua fé, conta que foi batizada na Igreja Católica, mas que hoje encontra respostas no espiritismo. “Acredito no que me faz bem. E principalmente no universo, no que você faz para as pessoas, pelo mundo, essa busca pelo autoconhecimento”, fala. A atriz também revela quem é a pessoa que mais lhe dá força para continuar correndo atrás dos seus sonhos.

Liba (Pâmela Tomé). Foto: Blad Meneghel/Record TV

Como você define a Liba? Ela é uma menina muito forte, corajosa, mas ao mesmo tempo, discreta, diferente das meninas de Sinear. É diferente porque ela vai viver uma história de amor, vai se apaixonar pelo maior caçador da cidade, o Ninrode. E ele é um cara muito vaidoso, assediado. Então as mulheres assediam ele na cidade, querem namorar com ele. E a Liba é única que olha pra ele e acha ele um vaidoso babaca. Então esse começo da história é muito legal, não chega a ser um gato e rato, mas essa coisa dos dois terem um gênio forte. Ela olha e diz, eu não vou atrás desse cara, se ele quiser, ele sabe onde me encontrar. Tem essa história de amor, mas acima de tudo, a Liba vem de uma família de muitos valores, ela preza o que aprendeu, ela admira muito o casamento dos pais. Ela sonha em ter um casamento tão bonito quanto o deles. E ela não queria gostar do Ninrode, briga muito com ela por isso.

O Ninrode é um homem poderoso, que projeta construir uma cidade e uma torre que chegue aos céus. E a Liba, tem isso de ser muito simples, eles são totalmente opostos, né? O mundo da Liba é muito mais simples. Tanto que durante as cenas, isso é uma coisa íntima que eu comentava com colegas, a gente falava isso do bem e do mal na novela. E eu me peguei muito nesses momentos, porque a história da Liba ali é um coração, é o amor. E eu pensava, será que ela apoia esse cara que quer desafiar Deus? Ela admira isso nele ou não? E cheguei a conclusão que eu tinha que olhar pelo coração, porque realmente quando você se apaixona, fica um pouco cega para essas questões e em algum lugar ela se apaixona por ele e também dá força para ele seguir aquilo. E o amor deles vai despertar o ciúmes de uma mulher muito poderosa, que é apaixonada por ele, a mãe dele, a Semíramis. Quem faz ela é a Francisca Queiroz, maravilhosa. Aliás, esse elenco todo foi muito especial. Eu não sei o que aconteceu ali, mas uma luz de pessoas muito a fim de fazer. Foi um privilégio fazer parte desse trabalho, eu já estava há dois anos sem fazer novela. E voltando, eu senti essa vontade de fazer, eu precisava fazer. E eu senti isso na galera toda. Todos dando muito valor por ter um emprego, por estarem ali, por ter uma oportunidade de fazer a sua arte.

Você parece ser mais inquieta, e a Liba, mais calma. Trouxe um pouco disso pra você? Na verdade, eu pareço muito agitada. Acho que quando eu entro nesse looping de trabalho, e realmente eu amor criar, eu coloco a minha inquietação nas coisas. Tem muito aqui dentro que eu preciso colocar pra fora. Mas eu tenho também os meus momentos em que estou mais calma, eu busco muito isso no exercício físico, na leitura, quando eu escrevo poesia. Eu sou ligada nos 220 V, e a Liba, uma das coisas que eu lembro de ter comentado com a preparadora, a Suzana Abranches, que é ótima, é de tirar essa quantidade de informação. A Liba não acorda com celular, a gente tá falando de um chão de terra, não tem energia elétrica, carro, buzina, essa menina admira as borboletas, olha para o céu, vê beleza em outras coisas. Lembro que no período de preparação, eu fiquei muito quietinha aqui, na minha, me conectando mais ainda com a natureza.

Gênesis é uma trama bíblica. O que você leva desse trabalho em termos de aprendizado, de reflexão de vida? Acho que a gente sempre pega muitas coisas de todos os trabalhos. Esse trabalho é muito profundo, imagina, você tá falando da Bíblia, de histórias que já foram contadas de algumas formas, mas de alguma coisa de religião, de fé, muito individual de cada um. Eu sou uma pessoa que acredita em tudo o que me faz bem, eu fui batizada na Igreja Católica, mas hoje eu encontro respostas no espiritismo, eu acredito na lua, nas estrelas, no que me faz bem. E principalmente no universo, no que você faz para as pessoas. Eu acredito que a minha consciência como religião é a minha própria consciência também, o que eu estou fazendo pelo mundo, essa busca pelo autoconhecimento. E eu trouxe muito isso dessa novela, essa coisa do que você faz para o outro.

Na fase de Adão e Eva, a gente viu a primeira filha deles, Renah (Ana Terra Blanco), feminista. E a Liba acaba também mostrando um pouco esse lado, principalmente na relação inicial com Ninrode. Você também vê um pouco disso nela? Total, eu vejo muito. E falando um pouco de Adão e Eva, o quanto é difícil para nós, mulheres, assistirmos essas coisas. Eu, Pâmela, me vi assistindo Adão e Eva e foi me dando uma indignação daquele homem, de como ele tratava a mulher. Por exemplo, para esse papel da Liba, a gente fez preparação para lidar com utensílios domésticos da época. E a gente vê ali o quanto essas mulheres são fortes, a panela é pesadíssima. Eu fiz uma cena carregando um balde de 10 quilos, de ferro com madeira. Então essa mulher acorda cedo, vai na lavoura, colhe os alimentos, vai no rio, lava a roupa com aquele balde. E eu fiquei muito com isso em mim, desse físico, essa mulher era forte. Então a Liba, veio muito do texto e também da troca com os diretores, que me levaram para esse lugar dessa mulher muito forte. Ela tem crises de raiva, chuta as coisas, é esquentada, e ao mesmo tempo doce, se apaixona por aquele cara. Então, eu considero sim a Liba uma mulher mais à frente do tempo.

Foto: Joy Chaffin

Como foi a parceria com o Pablo Morais? Muito legal, eu já conhecia ele como amigo. E eu fui a última e entrar, porque eu substituí a Talita Younan (ela engravidou), aos 45 minutos do segundo tempo. Mas a gente conseguiu fazer uma preparação online, fiz primeiro sozinha com a Suzana, depois a gente começou a fazer leituras com o Pablo e todos da família, do núcleo. E rolou muito, foi muito legal, a gente estudou bastante. O Pablo está bastante entregue ao personagem, a gente trocou muito.

O mercado do audiovisual está mais diversificado hoje. Depois de um tempo na Globo, você está estreando na Record num trabalho denso. Sente hoje você mais madura, até com um outro olhar para a profissão? Muito! Fazendo agora a Liba, eu me dei conta o quanto eu também amadureci como pessoa, atrás do meu autoconhecimento, e o quanto isso é enriquecedor para a Pâmela atriz. Eu acho que em cada trabalho você vai amadurecendo como pessoa e a sua arte vai abrindo também, ganhando novos olhares. Eu comecei a minha carreira em 2015, em Malhação, cheguei e aprendi fazendo. Foi tudo muito rápido e transformador. Eu sinto que nesse tempo que eu fiquei fora do ar eu usei para estudar, foi um tempo em que eu enriqueci muito como pessoa. Acredito que as coisas acontecem na vida da gente quando tem que acontecer. É muito legal também você ficar longe e ver que a carreira de atriz é assim, que às vezes você faz um trabalho, e às vezes você também precisa de um tempo depois de um papel. Às vezes, demora para aparecer uma oportunidade, mas quando aparece é a oportunidade que é para você.

Liba (Pâmela Tomé). Foto: Blad Meneghel/Record TV

E você é tão nova ainda... Então, eu sinto que eu fiz um caminho muito bonito e eu tenho 27 anos ainda. Por mais que eu tenha saído cedo de casa, eu me cobro muito, porque desde muito nova eu dependo de mim, tenho que batalhar pelas minhas coisas. Então, eu tô muito feliz com os meus caminhos. Eu sou atriz, eu não sou de uma emissora, de um canal, e eu preciso trabalhar, eu vivo da minha arte. E quanto eu recebi a Liba, eu me senti tocada desde o primeiro momento. O que mais importa é o personagem me tocar. E quanto mais, nós, atores, tivermos oportunidades de trabalho, de emissoras, de canais como Netflix, Amazon, é maravilhoso. E eu estou feliz de ver tantos canais se abrindo, porque tem muitos artistas desempregados. E essa novela tem um elenco com mais de 250 atores. É tão legal, muita gente fazendo a sua primeira novela com muita gana, isso é lindo.

A gente sabe que você tem um porto seguro especial na sua vida, que é a sua mãe, a Mara. Fala um pouco sobre essa ligação de vocês... A minha mãe é a minha base. Eu me sinto muito privilegiada de poder ter a minha mãe comigo aqui no Rio. E quanto mais o tempo passa, mais eu dou valor para o caminho da minha mãe, para as decisões que ela teve para estar perto de mim, de não me deixar sozinha, de querer me dar uma estrutura. Quanto mais velha eu fico, mais eu tô entendendo o quanto isso fez a diferença pra mim. Ela é uma mulher guerreira, batalhadora, que sempre me incentivou a correr atrás dos meus sonhos, a primeira pessoa que falou vai, corre atrás. Ela já tentou voltar para o sul, mas eu não quero que ela vá não (risos). Eu e a minha mãe é uma coisa de alma mesmo.

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