Daniel Ortiz: "A Flávia Alessandra já tava arrasando na primeira temporada, agora essa volta é dela"

Autor promete muita ação, reviravolta e romance na nova fase de Salve-se Quem Puder


18 de março de 2021 00h42

Foto: Globo/Victor Polak

A partir da próxima segunda, 22 de março, os fãs saudosos da ótima e divertida Salve-se Quem Puder, de Daniel Ortiz, poderão matar as saudades da trama, que volta à faixa das 7 após pausa por conta da pandemia. E para a alegria de quem não conferiu a primeira fase, a Globo exibirá a saga de Luna (Juliana Paiva), Alexia (Deborah Secco) e Kyra (Vitória Strada) desde o primeiro capítulo, quando acontece um furacão, um crime, elas são dadas como mortas e precisam mudar de identidade. “Vai ser gostoso assistir ao começo de Salve-se Quem Puder sem aquela pressão, porque quando se estreia uma novela tem muita pressão dos números, do público, toda a expectativa”, diz o autor.

Durante uma coletiva online, Daniel lembrou do sufoco que foi escrever um gancho final para a primeira fase, assim que a Globo anunciou as gravações seriam interrompidas. O autor teve que criar as cenas em menos de seis horas, num domingo. “Toda a revelação do Hugo (Leopoldo Pacheco) para a Helena (Flávia Alessandra)... O encontro da Dominique (Guilhermina Guinle) com a Luna, por exemplo, estava previsto para o capítulo 95 ou 96, eu adiantei para o 54, coloquei fora tudo o que eu já tinha feito”, conta. E, diferentemente de Amor de Mãe, Daniel optou por não colocar o tema Covid-19 na história, para levar leveza ao público num momento tão difícil e numa obra que vai ao ar entre dois telejornais.

E o que esperar da nova fase? O autor não dá spoiller, claro. Mas o certo é que veremos muita ação, romance, reviravolta e a grande descoberta de Helena de que Luna/Fiona é a sua filha, a qual pensava estar morta.Flávia Alessandra já tava arrasando na primeira temporada, agora essa volta é da Flávia. A Helena na primeira temporada tava naquela fase, é boazinha, má? Agora a gente descobre qual é a verdadeira história dela”, diz. Já sobre os triângulos amorosos das protagonistas, nem Daniel definiu ainda os desfechos. Afinal, foram gravados dois finais para cada uma das mocinhas.

Helena (Flávia Alessandra). Foto: Globo/João Miguel Júnior

Como foi ter que adaptar o roteiro de forma tão rápida durante a interrupção das gravações? Foram seis horas no total. Domingo, ao meio-dia, a direção da Globo entrou em contato comigo e disse, olha, a novela sai do ar por causa da pandemia e terça é o último dia de gravação. Então, arranja um final. Eu tive que escrever no domingo mesmo as cenas que eu ia colocar no final da primeira temporada. Foi de uma da tarde, até às 6 da tarde. A Juliana Paiva e a Guilhermina Guinle foram heroínas por gravarem aquele cena à noite, quando o Brasil ia praticamente parar. Estava aquele pânico, ninguém sabia o que ia acontecer. Eu falei às 5 da tarde com a Ju sobre a cena, ela achou que eu estava brincando.

Foi uma opção sua, de cara, não tocar no assunto Covid-19? Com certeza, essa decisão foi tomada em maio, junho. A gente estava vivendo o pior da crise naquele momento. E eu fiquei pensando, nossa, colocar o Coronavírus, primeiro que vai alterar a dinâmica da história, como os personagens interagem, e também pelo fato de a novela das 7 vir depois de um jornal local e antes do Jornal Nacional. E a gente achava que ia voltar no segundo semestre de 2020, o assunto Coronavírus ainda estaria sendo falado. Então, a decisão foi de tentar fazer o melhor que a gente conseguisse, porque essa é uma novela de comédia, de aventura, e, com certeza, seria difícil fazer com os protocolos. Vamos tentar, porque o público merece esse respiro às 7 da noite. Ia ser um pouco demais colocar Covid também na novela, entre dois jornais. Eu achei melhor a gente investir na comédia, no romance e na leveza.

Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva). Foto: Globo/Victor Polak

Com a pandemia, a novela virou uma obra fechada, as cenas estão todas gravadas. De que forma isso impactou no roteiro e se você acha que vai dar vontade de mudar alguma coisa? Eu ainda tinha uns 100 capítulos para escrever antes da pandemia. E tive que reduzir pela metade. Então o que pode acontecer é eu ver alguns personagens secundários que não deu para desenvolver a história como eu gostaria. Poxa, que pena, esse personagem tinha tanto potencial, mas não dava tempo. E essa é uma história complexa, são três mulheres que têm duas vidas ao mesmo tempo. Cada revelação repercute em vários núcleos. Então, realmente não dava para aproveitar todos os personagens. Eu acho que eu consegui, de uma certa maneira, que todos tivessem uma participação na história. Mas realmente alguns núcleos saíram mais prejudicados. Quanto à trama principal, bem ou mal, eu já tinha mais ou menos encaminhado, e a novela já tinha se estabelecido com o público. Então, não ia mudar muita coisa. Agora, os finais, os triângulos amorosos, a decisão de fazer finais diferentes foi boa para a gente poder ver a novela no ar e ainda ter um poder de decisão em relação a isso. Pelo menos definir com quem elas vão ficar a gente pode mudar.

Como será ver a sua obra agora só como telespectador? Eu vendo Haja Coração agora, eu assistindo como público, eu não lembro bem o que vai acontecer no próximo capítulo. Eu me sinto como público, às vezes, eu esqueço o que eu escrevi, eu vibro com algumas coisas. Então, vai ser gostoso assistir ao começo de Salve-se Quem Puder sem aquela pressão, porque você assiste como um trabalho. Agora não, você pode assistir com tranquilidade, rever, como público.

Que balanço você faz desse trabalho, mesmo com todos os acontecimentos da pandemia? Eu dou muita sorte com elenco, todos são muito unidos, todos se gostam, se apoiam, acho muito importante isso, ainda mais num momento de crise, novela parada, isso ficou muito latente, como nós nos apoiamos, um deu força para o outro. Não foi fácil pra ninguém, você parar e escrever uma, duas, três, quatro vezes algumas cenas. Não foi fácil para o Fred (Mayrink – diretor artístico), para os atores, sairem de casa em meio a uma pandemia e enfrentar o desconhecido. Então, eu acho que a gente vê nessa hora como a gente foi abençoado com uma equipe e atores fantásticos.