Thais Müller, a Zilpa: “Sofre calada com abusos, o que acontece hoje”
Atriz da trama Lia diz que força da personagem tem inspirado mulheres
10 de julho de 2018
Por Luciana Marques
No ar como a guerreira Zilpa, da minissérie bíblica Lia, Thais Müller, de 25 anos, tem se emocionado com a repercussão da personagem. Serva de Labão (Theo Becker), pai de Lia (Bruna Pazinato) e Raquel (Graziella Schmitt), ela sofre abuso dos filhos de seu senhor desde novinha, e se cala com a sua dor. “O que mais me choca é que isso acontece muito hoje em dia ainda”, ressalta a atriz, que também atuou em Os Dez Mandamentos.
Com a personagem, que, apesar das rasteiras da vida, tem fé e foca no otimismo, ela conta que tem aprendido a ser “mais mulher” e a ter “esperança de que sempre tudo dará certo”. Cria do teatro – ela fez a primeira peça, A Dama e o Vagabundo, aos 3 anos –, Thais não consegue ficar longe dos palcos. Atualmente, está em cartaz com o infantil Missão Super Secreta, até o dia 15 de julho, no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, e também se dedica à marca de camisarias Ladotê Ateliê.
Zilpa (Thais Müller). Foto: Munir Chatack/Record TV
Como tem sido viver a Zilpa, em Lia, o que mais tem instigado você?
É um mundo muito distante e diferente do que vivemos hoje. Mas o que mais me choca é como algumas coisas ainda não mudaram. Como os abusos sofridos por Zilpa, pelos patrões dela. Por mais que ela seja uma mulher forte e de muita fé, ela sofre calada com aquela dor. O que ainda acontece muito hoje em dia também. Claro, tudo está mudando, ainda bem, mas nesse caso parece que algumas pessoas ainda não evoluíram e vivem naquele tempo. Zilpa é uma guerreira, e me emociona, ela está servindo de inspiração para tantas mulheres, estou recebendo tantas mensagens, ouvindo tantas histórias.
Ela é uma serva, passa por abusos, mas sempre vê o lado bom das coisas. O que você mais tem aprendido com a personagem?
Zilpa me ensina a cada cena a ser mais mulher, a ter esperança sempre que tudo vai dar certo, a ter mais força e a me colocar na posição de mulheres que já sentiram essa dor. O que é inaceitável! Ela é uma mulher que admiro! E que as pessoas estão admirando também, o que é lindo.
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Há semelhanças entre vocês?
Acho que a maior delas é sempre sair de algumas situações com bom humor. Zilpa tem frases prontas e as usa nas horas certas. Eu já não sou tão sagaz assim, mas sempre gosto de ser bem humorada, fazer as pessoas rirem. Acho que é um jeito de levar a vida mais leve. Já estamos passando por tanta coisa, o mundo tá tão doido, se a gente não achar um tempo para gargalhar de algo, não sei o que vai acontecer.
Foto: Faya
Você também é o tipo de pessoa otimista, que procura não se deixar abater pelas coisas ruins?
Sou! Tento toda vez ir por esse caminho. É um exercício diário, né? Mas me obrigo a cada vez me estressar menos com as coisas básicas do dia a dia. Acredito que é uma cadeia, quando você se estressa com o trânsito, com alguma coisa na rua, com o preço de algo, seu dia nunca vai ser bom. Procuro me programar, para começar e terminar meu dia bem, claro que sempre rola um imprevisto, mas tenho uma frase que sempre penso nessas horas, e até a tatuei, que é: 'just breathe' (apenas respire). A respiração tem um poder que é bizarro.
Você já fez também Os Dez Mandamentos e está em mais uma trama bíblica. O que tem aprendido ao fazer esse tipo de novela, em que se fala muito sobre fé?
Acho muito poderoso essa crença em algo. E esses produtos sempre mostram isso. Além de ser uma trama incrível, é riquíssima. Aprendi demais nessas duas produções, como um pouco da história, costumes da época, tradições deles, mas trato como uma novela de época, onde por ser distante e não ter vivido naquela época, todo aprendizado é válido para construção da personagem. É sempre muito importante todo esse processo antes de começar a gravar.
Qual a sua relação com religião?
Eu acredito em energia, no universo e no poder da fala, acho que tudo que você verbaliza tem um poder grande para sua vida futura. Mas fui criada por avós católicos e meus pais são budistas, então frequento todas as religiões. Acho que todas as pessoas têm o direito de crer no que quiserem, e acho que todas estão ligadas à um ser maior, então não me oponho a nenhuma. Não tenho uma religião formada, um nome concreto, sei que acredito em coisas como outros acreditam em outras.
Zilpa (Thais Müller). Foto: Munir Chatack/Record TV
Em maio você estreou a peça Missão Super Secreta, fale um pouco do espetáculo...
Estamos no final da primeira temporada! E no segundo semestre voltamos com a peça! Conta a história de dois primos, Teco e Juca, que por causa de uma tempestade na cidade não conseguem ligar a internet ou ir brincar no play, e acabam tendo que se virar dentro de um quarto. Eles vão brincando e usando a imaginação para ir a um monte de lugares, viverem várias experiências e se transformarem em alguns personagens. A gente estimula essa volta da brincadeira olho no olho, cara a cara e sair um pouco de frente da tela do computador ou do celular. É muito divertida, as crianças amam e os pais voltam no tempo.
Você é praticamente cria do teatro, começou aos 3 anos. Qual a importância para você de fazer teatro, de estar no palco?
Sinto que é algo mágico! É a arte que tem a resposta imediata do público, e quando acontece a sua troca com aquela pessoa que veio te assistir é algo inexplicável. Você só sente! E como é bom. Principalmente a criança, que é o público mais sincero que você pode ter.
E você ainda é empresária de moda...
Sim. Tenho Ladotê Ateliê. Somos uma marca de camisaria unissex feita para todos os tipos de público. A marca é uma paixão antiga minha, algo que me dá muito prazer. Vendo online, e faço tudo sozinha, desde a modelagem até o envio das peças. Gosto de ter esse lado artesanal, único. Todas as camisas são feitas com muito amor. E é tão gratificante ver alguém se sentindo bem com aquilo que você criou.