Jaffar Bambirra: Amor pela música na vida e na ficção como o Murilo de Quanto Mais Vida, Melhor!

Ele vê o grande sucesso de Quando Fui Seu Par, sua primeira canção em trilha de novela


24 de janeiro de 2022 02h58

Foto: Lucas Nogueira (@thenogueira)

Por Luciana Marques

*A entrevista completa está disponível no vídeo, abaixo.

Aos 24 anos, Jaffar Bambirra, no ar em Quanto Mais Vida, Melhor!, chega em sua terceira novela na Globo – ele fez Pega Pega e O Sétimo Guardião -, unindo duas paixões: atuação e música. O seu personagem, Murilo, vê a vida girar em torno da arte. “Talvez seja o mais próximo da minha realidade”, conta. Para a felicidade do ator, assim que recebeu o convite, ele soube pelo diretor artístico Allan Fitterman que a sua canção Quando Fui Seu Par, em parceria com Nitai, de 2019, estaria na trilha da trama. “Eu disse, caramba, obrigado. Fiquei muito feliz! A gente sente a repercussão de comentários, de números, tudo cresce”, diz ele. O clipe da música já soma quase 800 mil views no YouTube.

No bate-papo, Jaffar fala também sobre a paixão arrebatadora de Murilo por Flávia (Valentina Herszage) no início da novela e diz até onde vale à pena insistir num amor não correspondido. O ator fala ainda da nova parceria com Valentina, com quem também fez par em Pega Pega. “É muito bom atuar novamente com a Val, além de ser uma grande atriz, a gente tem uma ótima troca, por sermos muito amigos”, conta. O álbum mais recente lançado pelo músico é O Menino Que Nunca Amou, feito, segundo Jaffar, antes de ele viver um amor arrebatador.

Murilo (Jaffar Bambirra). Foto: Globo/João Miguel Júnior

Como o Murilo chegou pra você e como o definiria? Ele chegou pra mim faz muito tempo, porque eu já sabia da novela antes da pandemia. Então foi um personagem que eu fui pensando nele durante muito tempo, sem ter ainda ele. Eu sabia muito por alto, mais pelo teste, porque a gente foi começar a receber as informações sobre o personagem bem depois. E quando eu fui conhecendo o Murilo e compondo ele, eu trouxe muito de mim, por ele ser músico. Talvez seja o personagem mais próximo da minha realidade. O Márcio também foi, mas esse é mais ainda. Eu pensava, como eu vou fazer um músico no palco que não sou eu? A grande coisa da vida dele é a música, tudo gira em torno da música. Tanto que ele vê a Flávia e  diz, você vai ser a minha musa, a inspiração para o meu trabalho, porque eu tô apaixonado por você. Tudo dele gira em torno disso. Sabe aquela pessoa que em volta dele só existe a arte? É o Murilo.

E ele é um cara muito legal, que toda a sogra gostaria de ter como genro. Como é fazer um rapaz assim, muito correto? Ele é muito atencioso, é sempre cuidadoso com os amigos. Ele falha em alguns momentos também, mas dentro do lugar correto dele. O Murilo tenta sempre acertar, seguir a moral e é muito fiel ao que acha e sente.

E essa paixão toda dele pela Flávia no início da trama, como você e a Valentina Herszage construíram esse par? A gente construiu esse casal com muito fogo. Como é algo passageiro, sabe aquela paixão passageira? Os dois ficam e dizem, caramba, que legal esse encontro, vamos entender isso. E aí o Murilo chega num lugar que fica muito encantado, e a Flávia chega num lugar que é um encantamento maravilhoso, mas não vai passar disso. Ela entende que não é o mesmo encantamento dele. Ela tira muito ele do eixo, faz ele sair do palco, ele usa bombinha, fica nervoso. Ela começa a mexer num lugar dele que é mais do que esse fogo. E esse reencontro com a Val foi maravilhoso. Em Pega Pega a gente se aproximou muito, ficamos muito amigos, próximos, a gente troca mensagens sobre a vida diariamente. E quando a gente viu que faria de novo essa novela, falamos, não é possível. É muito bom poder trocar com a Val, além de ser uma grande atriz, a gente tem uma boa troca, sabe a fragilidade de um e de outra, a gente está sempre se ajudando.

Mas o Murilo já está despertando outras paixões, né? Tem a Vanda, que sempre gostou dele, agora a Ingrid, que parece estar muito encantada... Exato. O Murilo se envolve aí de algumas formas...

Foto: Lucas Nogueira (@thenogueira)

E essa coisa do Murilo insistir tanto com a Flávia, mesmo vendo que ela não esteja na mesma vibe. Até quando você acha que vale à pena insistir num amor? Até quando não estiver te ferindo e ferindo o outro. Acho que sempre que a gente ama alguém, acho válido que a gente não desista, porque quando a gente ama é aquela intensidade. Mas a menos que chegue num ponto em que você esteja atravessando o caminho do outro, atrapalhando o outro e se machucando. Acho que tem que ter um respeito.

Você já viveu algum amor que já te desnorteou, como o Murilo com a Flávia? Já tive, sim. E eu já fiz muita música... Tem pessoas que já tem mais de uma música. Tive minhas musas como o Murilo. São momentos da vida que a gente vai trocando com outra pessoa. E enquanto músico, eu digo que a gente é o que a gente escuta e a gente escreve o que a gente vive.

E como surgiu Quando Fui Seu Par, que está o maior sucesso na novela. E o legal é que o seu personagem canta uma música feita por você... Quando Fui Seu Par é uma canção minha com o Nitai, um grande irmão da vida, a gente se conhece desde que nasceu, praticamente. E ela surgiu espontaneamente. A gente estava aqui em casa, e a gente nunca tinha composto nada junto. E pensamos, vamos compor algo. Mas a gente estava tentando várias músicas e nada. Uma hora, parece que com raiva, eu comecei a fazer no violão, “não, não, eu vou seguir, você aonde for”. Eu disse, isso está ruim. E o Nitai falou, não, tá legal. Eu fui ouvir de novo e disse, é legal mesmo, vamos botar para a frente. E muito rápido, numa tarde, essa música saiu. E ela é como a gente fez ali, não mudamos nada.

E parece que ela foi feita para o Murilo e a Flávia... Não parece? Eu mostrei essa música para a Val (Valentina Herszage) na época que a gente gravava Pega Pega. Ela disse, que música legal. Eu lancei em 2019, quando eu estava gravando o Sétimo Guardião, e o Allan Fiterman (diretor artístico de Quando Mais Vida, Melhor!) era o meu diretor geral. E de alguma forma ele viu a música, não lembro de ter mandado, mas ele viu. E durante a pandemia ele disse que tinha colocado a música na novela. E eu, caraca, obrigado! É a minha primeira música em uma trilha de novela. A gente sente a repercussão de comentários, de números, tudo cresce. Tem o clipe que a gente fez na época do lançamento, foi tudo muito legal.

Foto: Lucas Nogueira (@thenogueira)

Fala um pouco do seu novo álbum, O Menino Que Nunca Amou... O álbum tem uma música inicial que fala: “...vou lhe contar a história de um menino que quis falar de amor, que de tanto falar se fez entendedor, mal sabe o menino que nunca amou...”. Essa é a canção que pra mim resume esse álbum porque são todas músicas que fiz basicamente na mesma época de Quando Fui Seu Par. Era mais novo, com 19, 20, 21, antes de eu ter um amor arrebatador na minha vida. Então quando eu juntei essas músicas que eu sabia que tinham que ser em volta de Quando Fui Seu Par, porque eu sabia que a canção estaria na novela, percebi o que liga tudo isso. Eram músicas que eu tinha feito antes de amar de verdade, então contei essa história. São todas canções de amor. Passei pelo folk, pelo rock, MPB, até pelo sertanejo raiz.

Como é o seu entendimento do sucesso, da fama. Pelo fato de você ser filho de uma diretora de teatro (Nádia Bambirra), acaba colocando você mais “pé no chão”, de levar isso de forma leve? Eu levo isso de forma muito de boa. Como eu sempre conheci muitos amigos da minha mãe que já estavam nesse lugar, eu acho que de alguma forma, quando eu era criança, vi pessoas que se deslumbraram, vi outras que não. Vi também pessoas que não souberam lidar com isso tudo. Eu já fui entendendo antes mesmo de querer estar nesse lugar, eu já tinha uma noção do que era. Mas de qualquer forma, é sempre estar se olhando, porque a gente pode cair nesse risco da soberba. A gente é humano. Mas é isso, é estar sempre se olhando e dizer, calma, não, é só um trabalho, reconhecimento de um trabalho. Não é sobre você, é sobre o seu trabalho.