Camila Rodrigues brilha em novo desafio na TV como a enigmática Nadi, de Gênesis

Após fenômeno Sophia, atriz festeja viver outra mulher forte e diz que sacerdotisa lhe ajudou a desacelerar


11 de fevereiro de 2021 00h41

Foto: Gabriela Hudson

Por Luciana Marques

*A entrevista completa está disponível no vídeo, abaixo.

Nos últimos 10 anos, desde que foi contratada pela Record TV, Camila Rodrigues viu a sua carreira se estabelecer. Depois do sucesso como a Rainha Nefertari, de Os Dez Mandamentos, ela se tornou a atriz mais requisitada da emissora. Recentemente, foi destaque como a protagonista Sophia, do fenômeno Topíssima. E como fala que desafios a intrigam, ela logo aceitou encarar mais um: dar vida à forte e enigmática Nadi, a mulher mais cobiçada de Ur dos Caldeus, em Gênesis. “Estava com medo dessa transição brusca do contemporâneo para o bíblico, saindo de um megassucesso. Só que quando li a história de Nadi, vi essa superprodução, o texto, direção, equipe, eu tive certeza que estava fazendo a escolha certa”, diz.

Para dar vida à sacertotisa, a atriz precisou alongar o cabelo e também fazer aulas de dança. Mas entre os aprendizados com a personagem, cita o fato de ter desacelerado um pouco. “Eu acho que a Nadi está me dando um tempo mais tranquilo, estou tentando ouvir mais, ser menos explosiva em alguns momentos”, conta. Na entrevista, a atriz de 37 anos fala também sobre como tem lidado com o passar dos anos. “Eu sou a representação do que eu vivo e estou muito satisfeita com o que vejo no espelho”, garante. No papo, ela também fala como está sendo se rever Topíssima, de Cristianne Fridman, atualmente no ar em reprise, e fala da expectativa sobre ver no ar a continuidade da história de Sophia e Antonio (Felipe Cunha).

Nadi (Camila Rodrigues). Foto: Blad Meneghel/Record TV

Como você definiria a enigmática Nadi? O legal é que Nadi chega com tudo, mas ao mesmo tempo você não sabe quem é essa mulher. Ela é enigmática. Ela chega ali, é direta com Terá (Ângelo Paes Leme), com Amat (Branca Messina), já fala que está interessada por um homem casado, e naquela época os homens podiam ter outras esposas. Ela sai muito nova da sua cidade, Ur, vai estudar o sacerdócio numa cidade chamada Nipur, e depois de anos volta para terminar o estudo. E ela tem um privilégio porque é sobrinha do sumo sacerdote e ela já demonstra isso desde o início para Terá. E fica encantada por ele, até porque ele salva a vida dela, e ela já fala diretamente para ele, eu posso te ajudar na cidade e você pode prosperar. Então ela é reta, direta, só que esse encantamento de Nadi por Terá, eu não posso falar muito, mas vão acontecer muito conflitos com esses três personagens, nessa trama principal.

Mas ela sente algo verdadeiro por esse homem? Naquela época elas acreditavam também que os deuses enviavam mensagens. Então eu acho que tem esse encantamento do primeiro encontro, desse homem, até porque ela ficou muito tempo longe da cidade, chega e acaba sendo salva por aquele herói. Ela acredita que os deuses mandaram o Terá como o grande amor da vida dela ou a grande salvação. E agora a gente tem que ver aí, mas que há um encantamento dos dois, isso sim.

Você vem emendando papéis de mulheres poderosas, a Rainha Nefertari, de Os Dez Mandamentos, a Sophia, de Topóssima, agora a Nadi. Como é para você viver isso, interpretar essas mulheres num momento em que se fala tanto de empoderamento feminino? Eu fico muito feliz, alegre em poder construir essas personagens, porque a gente luta há tantos anos por esta igualdade. E ver essas mulheres, protagonistas, com posições importantes na história, como foi a Sophia. presidente de um grupo de universidade, empoderada, forte, independente. E o que vale destacar agora com a Nadi é que, mesmo naquela época ela já tendo que ter as obrigações e os deveres que a sociedade impunha a ela, ela não desistiu dos sonhos. Então é uma mulher forte, mas claro que tinha que ser um pouco mais disfarçada, porque se a gente vê o machismo ainda tão forte hoje, imagina naquela época a mulher dar a sua opinião ou falar o que quer. Ou não cumprir com as obrigações de seu ofício. O trabalho de uma sacerdotisa na cidade era muito importante, fazer oferendas, dançar, tudo isso, ela precisava agradar aos deuses para que a cidade tivesse prosperidade, para ter comida, por exemplo. E ela passa por cima dessas obrigações porque não desiste do verdadeiro amor, do que ela acredita e do que realmente deseja. Então, Nadi também é essa mulher pra frente, que realiza os seus sonhos e não deixa pra trás quando a sociedade diz que a sua obrigação é essa e não aquela.

Para viver a Nadi você está com cabelão. E na época da Sophia lembro de você ter dito que amava a praticidade do cabelo curto. Mas tá curtindo esse longo também, curte o momento com cada visual? Depois que eu raspei a cabeça quando fiz a Nefertari, eu acho que desapeguei total do visual. E isso é muito gostoso, porque cada vez eu vejo uma personagem diferente, uma personalidade diferente, não só na construção desses personagens. Quando você lê, você já vê muita coisa do personagem, agora todo esse externo também é importante, da caracterização, do figurino, do cabelo, da maquiagem e do cenário, tudo isso faz com que você se envolva mais com aquilo que criou em casa, nos seus estudos com o texto. Eu sou apaixonada pelo cabelo curto, mas eu gosto, dá um poder para a mulher essa coisa do cabelão. Eu me acho mais num lugar comum quando estou com esse visual, porém eu acho que para a personagem que tem muitos penteados, muita sedução, claro, tem tudo a ver.

 

 

Como foi fazer as cenas de dança, você fez aula de dança do ventre? Não chega a ser uma dança do ventre, até porque a sensualidade das mulheres daquela época era muito mais na mão, no olhar. Porque as roupas não tem um decote, não tem uma fenda, um sapato alto, movimentos que normalmente acharíamos sensuais. A gente faz alguns compassos de dança, porque as danças eram mais batidas lentas, mas fica gostoso. Agora, é impressionante como é totalmente diferente da Camila. Quando eu tenho que dançar, eu dou uma sofrida, mas quando falam, gravando, a gente encara e  vamos com tudo, coloca esse olhar, essas mãos pra cima, essa sensualidade e vamos. Porque quem me conhece, sabe que eu sou mais moleca do que essa coisa toda de princesa.

O que você acha que levou da Nadi pra você? Com Nadi, acho que eu estou pegando a questão de ouvir um pouco mais, porque ela é uma personagem que não tem o mesmo tempo que eu tenho. Eu sou muito acelerada. Eu acho que a Nadi está me dando um tempo mais tranquilo, estou tentando ouvir mais, ser menos explosiva em alguns momentos. E eu acho que é isso, essa paz interior, que eu preciso ter em cena. Eu não posso ter essa energia toda que eu tenho. Então é tudo mais condensado, e isso também é um desafio pra mim.

O público acompanha você desde nova na TV. Como você lida com o passar dos anos? Muito bem! Eu me sinto muito bem com a idade que eu tenho, com as mudanças no corpo. Não sou uma pessoa totalmente vaidosa de ir todos os dias na academia, não tenho uma alimentação totalmente saudável. Isso eu faço muito mais na preparação para um personagem do que para a minha vida mesmo. Mas eu sou muito feliz. Faço tratamento com dermatologista, mas nada invasivo. A gente tem hoje tratamentos de laser, um peeling, que não vai modificar o seu rosto, que você não vai virar outra pessoa. Até porque as nossas rugas são as nossas histórias, acho que a gente tem que saber envelhecer bem. Se cuidar é uma coisa, cuido muito da minha pele, já sinto a diferença de vinte e poucos anos, já sinto uma flacidez maior no roto, no bumbum, coxa, e tá tudo certo. Ou você vai correr atrás disso ou quer ter uma vida saudável, que é o que eu busco, não um corpo perfeito.

Por outro lado tem a questão da maturidade também, de se estar mais seguro das escolhas, né? Tem isso. Eu vou fazer quase 40 anos, estou com 37. E quando eu vejo, depois desses quase 10 anos na Record TV, eu cresci não só como atriz, mas como mulher também. Eles me deram uma grande oportunidade de mostrar o meu trabalho. Eu fiquei alguns anos na Globo, mas depois que eu fui para a Record, foi ali que eu estabeleci a minha carreira. Então eu sou tenho a agradecer à Cristiane Cardoso, ao seu Marcelo Silva, ao Anderson de Souza, toda a direção, à cúpula da Record. Quando eu chego na Record, eu me sinto muito em casa, eu trabalho há anos com a equipe toda, maquiagem, câmera, figurino, contra-regra. Todos o dia eu saio feliz de lá, é um lugar de amor, eu me sinto muito acolhida.

Foto: Gabriela Hudson

E como está sendo ver a Sophia novamente no ar? É gostoso e é interessante porque você sai de Gênesis, uma personagem condensada, e vem pra Sophia, aquela coisa, que se assemelha muito com a minha personalidade. E a gente sai de uma novela um pouco mais densa para uma mais leve, solar, pra cima, com comédia. E é muito legal você ver o seu trabalho quando você já tem um distanciamento. Hoje eu vejo Sophia com um olhar de carinho, de amor, porque eu me identifiquei muito com ela e fui felicíssima em fazer essa personagem. A gente tá com muito problema, a gente liga a televisão e, infelizmente, é muito notícia triste, tomara que isso tudo passe logo, as vacinas cheguem para todos. Mas essa novela traz uma leveza, é pra cima, você pode ver com toda a família.  

E aí, teremos Topíssima 2? Olha, então, eu acredito, o meu coração diz sim, sim, sim. Eu acho que a energia de todos que fizeram a novela, todos foram muito felizes, acredito que isso faça com que realmente role Topíssima 2. E é isso que eu escuto. Realmente não tenho data, nada, eu fico aqui, agradecida por estar reprisando Topíssima, muito feliz, e com o coração cheio de amor para que venha Topíssima 2.

A hora de Pablo Morais, o Ninrode, de Gênesis: “Vim do nada e estou construindo uma carreira no Brasil”

Pâmela Tomé e seu novo desafio na TV, em Gênesis: “Quando recebi a Liba, me senti tocada”