Juliano Laham é José, em Gênesis: “Renasci após um problema de saúde, hoje a minha conexão com Deus é inabalável”

Protagonista da última fase da trama bíblica vê simbologia forte ao dar vida ao personagem depois de cirurgia em 2020


30 de agosto de 2021 00h31

Foto: Marco Brozzo

Por Luciana Marques

*A entrevista completa está disponível em vídeo, abaixo

Em outubro de 2020, Juliano Laham vivenciou uma “prova de fogo” quando precisou ser operado com urgência após a descoberta de um tumor benigno nas glândulas adrenais. Nesta segunda, 30, pouco menos de um ano depois, ele estreia como o protagonista José, que tem uma das histórias de superação mais emblemáticas da bíblia, na última fase da superprodução Gênesis, da Record TV. Para o ator, há uma forte simbologia nisso. “Não comparo a minha trajetória com a de José, porque é incomparável. Mas a relação que tive com Deus nesse momento em que fui ao fundo do poço e a minha fé que foi completamente construída e ninguém abalou, José teve a mesma coisa, diante de todas as circunstâncias dele”, avalia Laham.

Desde o início do seu mergulho na vida de José, Laham conta que vem ressignificando coisas na sua vida. “Ele vem para me fazer ter outro olhar sobre perdão, paciência, sobre entender principalmente que às vezes não é o que eu quero, mas o propósito que Deus quer”, fala ele, que diz não seguir uma religião específica, mas que sua conexão hoje com Deus é inabalável. Por todo o processo que vem vivenciando, Juliano sabe da responsabilidade que tem com o papel. O seu desejo é passar essa mensagem ao público de que tudo tem um propósito na vida. Juliano, que namora a apresentadora e atriz Raphaela Palumbo, também fala na entrevista completa, em vídeo, sobre a batalha no início da carreira e diz que um protagonista chegou no momento que tinha que ser.

José (Juliano Laham). Foto: Divulgação/RecordTV

O que mais tem instigado você nesse trabalho? Primeiro, fico feliz de poder estar assumindo uma responsabilidade desse tamanho, protagonizar uma novela. Segundo, é a última fase de Gênesis e está um sucesso, é a maior superprodução já feita na história. E fazer o próprio José, que é um personagem maravilhoso, bíblico, de tamanha responsabilidade. Se você comparar a história de José no cenário de hoje, existem diversos Josés. E é por isso que eu acho que o público vai se identificar com a história de superação dele, das relações entre pai e filho, que foram passadas de gerações em gerações. E o principal desse elo todo, a sua de fé com Deus. Então diante de inúmeras coisas terríveis que acontece com essa pessoa, ela mantém a sua fé inabalável. E no final de tudo, Deus revela o porquê que ele passou por tudo isso, qual foi o motivo. E o que isso quer dizer? Se hoje a gente comparar a nossa vida, a gente fala, meu Deus, por que está acontecendo tanto desastre na minha vida? Por que aconteceu isso, aquilo... Às vezes, a gente não quer entender ou às vezes a gente não entende de fato, mas com o tempo, a maturidade, a gente começa a analisar, a voltar para trás. E a pensar, ah, entendi o que Deus queria que eu aprendesse com isso, o que ele queria que eu ganhasse com isso ou quem eu pudesse salvar com isso. E é isso que o José vem trazendo nessa história. Por isso eu acho que as pessoas vão se identificar, se emocionar e vão começar a refletir todos os questionamentos que elas têm.

Pra quem não leu a bíblia e sabe pouco do personagem. Fala um pouquinho quem é o José... O livro de Gênesis conta a história de onde tudo começou, desde Adão e Eva, e José é que finaliza esse livro da bíblia. O José é filho da Raquel com o Jacó. O Jacó teve 12 filhos, mas a Raquel é a mulher que ele sempre foi apaixonado e pela qual lutou tanto para conquistar. Com ela, ele teve dois filhos, José e Benjamin. E por que a relação do José com os irmãos é tão estremecida? Porque os irmãos nunca se interessaram pelas histórias que o Jacó contava sobre o bisavô Abraão, sobre seus antepassados. E o Jacó começa a perceber isso, peraí, ninguém está interessado, o José tá interessado, ele é filho da Raquel, mulher que ele sempre sonhou estar junto... E o José passa a ter esse interesse, esse carinho, e começa a ter esse elo entre pai e filho. Jacó começa a ensinar o José a ler, a escrever, a contar as histórias, a explicar sobre a importância de Deus. E os irmãos começam a ficar enciumados. E por uma questão de primogenitura, que se passa do pai para o filho mais velho, Jacó olha e diz peraí, a única pessoa que tem a responsabilidade de continuar a nossa família é José. E quando Jacó dá a túnica, como se fosse a coisa mais valiosa, que representa toda uma história, uma família, e os irmãos começam a fazer toda essa crueldade que fizeram com José. E aí a gente começa a ver na trama tudo o que ele vai passar e tudo o que vai acontecer com ele, que vai virar o grande Governador de todo o Egito, para poder combater a fome, os sete anos de seca que vão ocorrer. Nisso, os irmãos que maltrataram ele e mentiram ao pai que ele foi morto, caminham todo o deserto até chegar no Egito, o único lugar que tem comida, graças ao José, que revelou os sonhos do Faraó. Então qual a grande lição nisso tudo? Deus colocou o José para passar tudo o que passou com os irmãos para que no final o próprio José pudesse salvar os seus irmãos e a família. É uma história muito forte e emocionante, que tem muitos elos, muitas relações familiares.

Foto: Marco Brozzo

O que você mais tem aprendido com o José? Estou aprendendo muito com o José, está me dando um banho de água fria e me fazendo repensar sobre coisas da minha vida particular. E acredito que o principal disso tudo é levar a mensagem para quem está assistindo. O que a gente pode tirar de proveito de tudo o que José passou, dessa linda história. E a gente começar a ressignificar certas coisas na nossa vida. E essa é a minha missão fazendo o José.

O que de fato você vem ressignificando na sua vida? Cada fase da nossa vida, a gente aprende alguma coisa ou perde alguma coisa e isso faz com que a gente se transforme. A minha maior transformação foi quando eu fiz a minha cirurgia da retirada de um tumor. E o José vem para me fazer ter outro olhar sobre perdão, paciência, sobre entender principalmente que às vezes não é o que eu quero, mas o propósito que Deus quer. Então isso é muito forte. Às vezes não é do jeito que eu sonhei, mas tem um propósito por trás disso. E eu começo a me tranquilizar, a ter uma paciência, uma paz interior, espiritual, não é do jeito que o Juliano quer, é o que Deus quer e está tudo bem. Vamos nessa, enfrentar essa batalha, tenho que passar por isso por algum motivo e está tudo bem. Então isso que Deus fez com o José eu começo a levar para a minha vida particular. E eu acho que as pessoas que assistirem também vão fazer o mesmo e começar a ter essa percepção e levar a vida mais leve. É que a gente que complica o tempo todo. É um presentaço que eu estou ganhando de poder fazer o José.

O que o Juliano tem do José? Tem uma coisa que é muito forte pra mim. Quando eu estava internado, ano passado, tem uma coisa que não sei explicar, que é a fé interior. Ou você vive e sente ou você não vive e não sente. E quando eu passei por essa prova de fogo entre a vida e a morte, eu entendi que nada mais importa, a não ser você entregar pra Deus e que seja da melhor forma possível. Foi a partir daí, que quando eu recebi o convite do José, eu falei, tá tudo ligando. Tudo o que eu vivi, presenciei e tudo o que eu cheguei à beira de, não estou comparando a minha trajetória com a de José, jamais, é incomparável, mas a relação que eu tive com Deus e a minha fé que foi completamente construída e ninguém abalou isso, José teve a mesma coisa, diante de todas as circunstâncias dele. Eu tô colocando isso num cenário atual, do que o Juliano passou. E são coisas que consigo compreender hoje, a questão da fé, de princípios, de acreditar que nada de fora vai me abalar. Outras coisas eu vou entender ao longo do processo e outras eu só vou entender a nossa relação daqui a algum tempo. Mas hoje é isso, quando você chega à beira de, uma coisa muito trágica, e é só quando a gente tá no fundo do poço que a gente às vezes olha para cima. Porque não tem mais o que fazer, quando você tá lá, não tem como olhar pra baixo, você olha pra cima, pra Deus. É pra ele que você se socorre na maioria das vezes. E quando eu recebi o convite para fazer o José, eu voltei pra trás e pensei, será que foi isso que José viveu, estava no fundo do poço e só tinha a opção de olhar pra cima? São várias coisas que eu entro em questionamentos.

José (Juliano Laham). Foto: Divulgação/RecordTV

Você também percebe uma simbologia forte na questão de quase um ano depois da cirurgia, você viver José? Percebo muito. E eu começo a colocar na balança. São coisas que, pra mim Juliano, batem forte. Eu renasci completamente, eu nasci de novo. O Juliano antes da cirurgia é uma pessoa, o Juliano depois da cirurgia é outro, um outro olhar. E a pandemia pra mim, nesse sentido, foi bom de estar perto da família. Foi ruim por vários lados, do que a gente presenciou e vivenciou com outras pessoas, mas ressignificou muita coisa pra mim. Eu sempre tento enxergar o lado bom das coisas ruins. E poder ficar próximo da minha família, eu moro no Rio e eles em São Paulo, foi uma construção muito boa.

Como é a sua relação com religião, ela se fortificou após esses sustos que você vivenciou? Eu sempre tive uma relação muito forte com Deus. Nunca fui de uma religião, sempre foi uma conexão entre eu e Deus, entre eu e minha fé interior. Meus pais sempre foram da Igreja Católica e eu frequentei. Só que quando eu passei pela pandemia, tive a minha primeira entrada no hospital no começo do ano e quando estava na Dança dos Famosos eu descobri o tumor. Antes eu tive outro problema cardíaco que ninguém soube. Então esses sinais que Deus me mostrou foram só me alertando sobre a importância de estar conectado com ele. Então hoje a minha conexão com Deus é inabalável. Ele é meu melhor amigo, se eu me sinto mal com alguma coisa, é com ele que eu me recorro.