Rafael Vitti e Isabella Santoni avaliam a explosão do casal Pedro e Karina em suas vidas

Com a reprise de Malhação: Sonhos, eles lembram desde o dia da aprovação do teste até a paixão também na vida real


21 de janeiro de 2021 23h39

Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni). Foto: Globo/Renato Rocha Miranda

Por Luciana Marques

Em 2014, tanto Isabella Santoni quanto Rafael Vitti tinham 19 anos, estudavam interpretação na mesma faculdade, mas não se conheciam direito. Isso, até o dia em que receberam um telefonema de que haviam passado no teste para Malhação: Sonhos, que será reprisada a partir da próxima segunda, dia 25 de janeiro, na Globo. Eles foram comemorar numa lanchonete do RioSul, até porque souberam que fariam par romântico. Na ocasião, o ator estava até vestido de palhaço por conta de uma prova. “A gente nem tinha noção do que era, só dizia, caraca, deu certo, pegamos um papel. O que será que vai acontecer com a nossa vida?”, lembra Isabella.

Intérpretes dos jovens Pedro, que tinha o sonho de ser um grande guitarrista, e de Karina, que almejava se tornar uma campeã de luta para orgulhar o pai, Gael (Eriberto Leão), os dois atores viram acontecer uma revolução em suas vidas. Tudo porque o casal, um totalmente oposto do outro, logo arrebatou o público com a sua paixão pueril. Logo, foram shippados como #Perina, causando alvoroço nos fãs a cada briga e revival. “Eu acho que a gente acreditou, a gente se jogou porque a gente queria muito”, diz Rafa. A vida anônima de ambos deu lugar ao assédio tanto do público, quanto da mídia, até porque eles também se apaixonaram na vida real. “A gente também não sabia como lidar, a gente viveu”, conta Isabella.

Com a reexibição da novela, os atores conversaram com um grupo de jornalistas numa coletiva virtual, organizada pela Comunicação da Globo. O diretor artístico da trama, Luiz Henrique Rios, também contou de que forma conduziu os então estreantes Isabella e Rafael em meio a tanto alvoroço causado pelo sucesso do par criado pelos autores Rosane Svartman e Paulo Halm.

Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni). Foto: Globo/Ellen Soares

Na opinião de vocês, qual a explicação para o casal #Perina ter causado tanto alvoroço entre os fãs? Rafael – Uma incógnita! Acho que são muitos fatores que se uniram pra acontecer isso, do público se envolver tão fervorosamente. Eu acho que eu e a Isabella, desde o início, a gente sempre teve uma abertura e a vontade de  fazer acontecer juntos. Porque a gente estava na mesma faculdade, embora a gente não se conhecesse muito, quando a gente descobriu que existia a possibilidade de a gente passar no teste e fazer personagens que iam se relacionar, acho que a gente se uniu. E quando a gente encontrou o resto do grupo, a Beta (Maria Beta Perez - preparadora de elenco), uma das grandes responsáveis por catalisar essa energia que todos traziam. Então, foi muito processo, altos e baixos, foi uma malhação muito intensa, 280 e poucos capítulos. E até hoje eu não sei explicar direito o motivo de ter dado tão certo esse casal. Mas eu sei que foram muitas coisas, não só o que eu e a Isabella trouxemos, mas o que todo o mundo, equipe e autores, trouxeram e fizeram acontecer.

Isabella – Eu também acho que é por aí. Quando o Paulo (Halm) e a Rosane (Svartman) criaram esse casal, um ícone, eles se inspiraram em Shakespeare, ia dar certo. Eles são opostos complementares. E eles têm muito aquela coisa de meninos, todos tem aquela memória da escola, de ficar brigando com a menina que gosta, com o menino que gosta, com aquela implicância de primeiro amor. Acho que isso conecta uma memória emotiva em todo o mundo. Porque tem isso, dessa paixão do início ser conturbada, e eles tão inocentes, cada um num universo totalmente oposto. À princípio você olha e pensa, nunca vai dar certo esse casal. Pelo não dar certo, parece que deu muito certo, porque foi uma loucura. Eu já presenciei fãs do casal que eu me assusto até hoje. É uma torcida muito grande e eles continuam torcendo, que bom, porque a gente vai voltar para o ar. Vai ser uma delícia reviver, relembrar. E o Rafa tocou num assunto legal, eu até falei essa semana numa entrevista, de como a gente recebeu a notícia. A gente estava fazendo uma prova de interpretação na faculdade, aí acabou, o telefone tocou e a gente recebeu juntos. E a gente foi comemorar numa lanchonete do RioSul, o Rafa estava vestido de palhaço, maquiado, tinha feito uma prova. E a gente nem tinha noção, só dizia, o que será que vai acontecer com a nossa vida?

Rafael – Eu acho que a gente acreditou, a gente se jogou porque a gente queria muito. Eu devo muito isso à Beta. E, lógico, ao Luiz (diretor) ali, nos conduzindo na cena. Me deu muita saudade. Nossa, toda a hora que passa a chamada na TV eu me arrepio, o meu corpo esquenta e me vêm emoções diferentes, desde uma ansiedade, uma vergonha, um medo de não saber como fazer... Isso está mexendo muito comigo.

Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni). Foto: Globo/Tata Barreto

Como vocês lidaram com esse sucesso todo na época? Isabella – A gente não sabia muito bem o que a gente estava fazendo, acho que a gente tentou separar as coisas, proteger o público de alguma forma e nos proteger também da exposição para eles não confundirem as coisas. Porque houve isso também, o público se apaixonou pelo casal, a gente se apaixonou pelo casal, a gente teve um relacionamento, a gente também foi apaixonado. Então era muita coisa envolvida, e como lidar? A gente também não sabia, a gente viveu. Eu fico muito feliz de ver que o público ainda sente um carinho muito grande por este casal, pelo #perina. E eu sei que Pedro e Karina vão entrar de novo no ar, vai ser aquela briga, tudo de novo, o povo vai sofrer, vai torcer, eu também vou, mesmo já sabendo das coisas. Já esqueci também várias coisas que aconteceram, então vai ser uma delícia reviver e ver na telinha, agora com o público, do outro lado.

Rafael – Pra mim foi bastante intenso, em vários sentidos, de maneira geral. Mas realmente foi uma exposição muito rápida. Na época eu pegava ônibus para ir para a Globo e eu pude ir percebendo o quanto eu fui sendo conhecido. No início, ninguém me reconhecia, aí passaram três meses, eu já não conseguia chegar na Globo, tinha que ser meio indelicado com as pessoas, porque eu estava atrasado, tinha que pegar o ônibus, a van. Inclusive, tenho que agradecer ao Luiz que me ajudou no meio da novela e arrumou um motorista pra me levar pra Globo. Enfim, foi tudo muito intenso, esse processo de lidar com isso, a gente se empolga, começa a querer responder a todo o mundo. E isso a gente aprende a lidar também. Eu sofri várias revoluções durante a Malhação que reverberam em mim até hoje.

Luiz Henrique, como você conduziu esse casal para chegar nessa explosão? No processo de escolher essas pessoas, tanto a Rosane quanto o Paulo foram muito importantes, depois o processo de preparar esses personagens, a Beta foi uma pessoa que ajudou muito. E na hora que a gente começou a fazer, a gente contava com essas duas energias. A Belinha e o Rafa emprestaram um lugar louco, porque a Belinha era uma menina muito mulher, mas muito fortemente decidida, era quase um menino. E o Rafa era um menino, muito menino, mas muito delicado, muito sensível, era quase uma menina. Ele, mesmo com esse sentimento, ele era absolutamente errado, porque o texto dele era todo atrapalhado. E ela, mesmo com estas certezas, era uma dúvida permanente. Eu acho que a junção dessa confusão quase infantil, junto com essa energia de conquista, de busca, com o apaixonamento que esses dois viveram, demorou um pouco. Mas desde o primeiro olhar aconteceu, houve muita entrega, eles ficaram muito amigos, depois se apaixonaram. Era muito simples, o difícil era contê-los. Eventualmente, a gente precisava segurar um pouco as pontas porque a coisa ia longe. E eu acho que a gente conseguiu protegê-los durante esse período, enquanto a gente fazia esse trabalho para que essa energia externa não destruísse esse lugar tão pueril, tão verdadeiro, tão sincero, que eles entregavam ao público.